De uma maneira bem sucinta, define-se a fotografia como a arte de criação de imagens por meio de exposição luminosa, ajustando-as em superfícies adequadas. Algo bem clichê, na verdade, até porque a fotografia é um conceito muito amplo quando analisados todos os seus pontos cruciais.
Trata-se, na verdade, de uma linguagem. De uma arte, mas digo arte mesmo, daquelas que requerem zelo e dedicação no que faz. É o impulso para transmitir uma ideia de maneira objetiva. Uma boa fotografia diz muito sobre determinados elementos, algo tão esclarecedor quanto uma pintura renascentista do século XV. Ambas transmitem mensagens que não se interpretam por meio de palavras vagas.
Entretanto, tão empolgante quanto uma pintura renascentista é justamente uma fotografia relativa a um ensaio feminino. Fotografar revela muito mais que simples imagens, como já dito anteriormente, pois nelas encontram-se incertezas que cabe ao observador decifrar, como sentimentos, eventuais apreensões e expectativas. Elementos facilmente encontrados em um notável ensaio fotográfico feminino quando bem executado, pois traz a proposta de demonstrar a autonomiafeminina por meio de imagens que fornecem a real identidade e o verdadeiro valor que elas possuem na sociedade.
Mas afinal, quais os componentes visuais fundamentais para um ensaio feminino? Numa linguagem mais desconhecedora de termos voltados à fotografia, provavelmente apontariam, logo de cara, a beleza superficial feminina (que é um conceito muito subjetivo), acompanhada de sorrisos e manifestações múltiplas de espontaneidade por parte da pessoa que logo ali está sendo capturada por imagens. Porém vale lembrar que cada ensaio possui umatemática que deve ser respeitada, sendo assim, cada nova ideia que vai surgindo durante o ensaio demanda características que vão de acordo com o assunto desejado. São pontos que vão se ligando e, consequentemente, complementando-se.
Quando o ensaio traz a temática que corresponde ao empoderamento feminino, a ideia consiste em expôr a luta diária das mulheres pelo seu espaço na coletividade pela qual elas pertencem. Espaço que elas possuem, efetivamente, mas que em muitas vezes é minimizado pela cultura retrógrada que ainda demonstra-se envolvida em muitas esferas sociais. Deste modo, conclui-se que o ensaio fotográfico torna-se mais um instrumento de expressão e que, posteriomente, junta-se a outros recursos de manifestação quando bem associados.
Em vista disso, a junção bem adequada entre características físicas femininas, sem que haja qualquer tipo de padronização, e os elementos que demonstram o empoderamento pode ser um viés de muito bom proveito na fotografia. A representação feminal refere-se à realidade que só elas, de fato, sentem e compreendem. O corpo ou o rosto perfeito não existe (e nem é o objetivo final tanto da fotografia quanto deste relato), a beleza da mulher manifesta-se na sua legitimidade e nas particularidades de cada uma. Seus traços, em muitas vezes, podem retratar suas vitórias diante de testes diários que as mulheres são submetidas constantemente em um corpo social que ainda prega conceitos antiquados.
Sintetizando, por fim, a mulher na fotografia é justamente o que ela é diariamente: delicada e, ao mesmo tempo, voraz. Compreensiva e, simultaneamente, autônoma. Tudo é uma questão de resiliência perante o momento ou à fotografia pela qual ela se expõe.